A
vida fora de casa
Foi uma decisão difícil, pois não é fácil
largar amizades, casa, família e a academia que me fez campeão e partir para um
lugar onde não se sabe sequer se será duradouro, mas eu não estava sozinho, cinco
amigos da minha academia também tiveram a decisão em comum.
Foi tudo muito diferente no começo, fizemos
uma viajem para São Paulo antes de irmos para Taguatinga para uma reunião com o
presidente da confederação brasileira de lutas, lá conhecemos o resto do
pessoal que iríamos conviver por um longo período de tempo, após a reunião
fomos há um micro-ônibus que nos aguardava para levar-nos. Imagine só 15
atletas em um micro-ônibus viajando 14 horas até chegar em Taguatinga e assim
que desembarcamos deixamos nossas coisas no alojamento e já fomos treinar, foi
quando eu pensei : “ isso aqui é coisa séria mesmo”.
Já no primeiro mês duas pessoas desistiram de
continuar, não aguentaram o peso dos treinamentos árduos o que causou um pouco
de medo, mas segui adiante e graças a Deus e a todos os que ali estavam
conseguimos sobreviver até o fim do projeto, já que o ministério do esporte não
iria renovar o convênio e cada um voltou para sua casa. O projeto durou um ano
e três meses de várias viagens e treinamentos intensos, foi ótimo enquanto
durou, pois pude amadurecer bastante como atleta e como cidadão, foi uma
experiência inesquecível.
No mesmo ano fui convocado para lutar o
campeonato pan-americano de luta em Guadalajara/México onde fiz lutas
duríssimas e conquistei a medalha de bronze, foi a segunda melhor experiência
da minha vida, poxa uma viagem maravilhosa internacional sem ter que pagar
nada, fazendo o que eu amo e ainda representando o meu país foi muito
gratificante.
Hoje vivo feliz sabendo que sair de casa fez
uma grande diferença na minha vida, por isso agarro todas as oportunidades que
me são dadas.
8
O
ingresso na faculdade
Sempre
quis fazer faculdade de educação física, porém o que recebo como atleta não dá
pra pagar um curso e meu pai não pode me ajudar, fiquei sabendo da Fundação
Helena Antipoff jogando vídeo game com os amigos e decidi fazer o vestibular.
Passei, fui à aula no primeiro dia e fiquei meio assustado, pois o que eu
pensava era totalmente diferente do que eu estava vivenciando naquela aula de
jogos e brincadeiras, o primeiro período foi passando e eu fui me abrindo mais
a ideia de lecionar e da educação física como licenciatura. Agora no segundo
período vejo a educação física com outros olhos, ainda vejo o esporte como
maior e melhor ferramenta pedagógica a ser utilizada nas aulas, porém minha
visão de reprodução com o tempo está sendo desestruturada e dando espaço a
novas questões e aplicações em uma aula de educação física na escola. Enquanto
professor vou lutar para que a educação física seja mais inclusiva.
“... pensar
numa Educação Física que, além da vivência de movimentos esportivos, ginásticos
ou de dança, assegure também um conhecimento a respeito das expressões
corporais” (Pellegrinotti, 1993; Verenguer, 1995).
Nenhum comentário:
Postar um comentário